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Propósito: uma reflexão profunda e corajosa.

Atualizado: 22 de jul. de 2019

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para sua fogueira” (Tolstoi)


Essa frase me tocou desde a primeira vez que a li. Alguns podem imaginar que quando Tolstoi a escreveu, estava fazendo uma crítica a sociedade de seu tempo. Outros podem pensar que seria uma “indireta” para alguém que leria seu livro quando fosse publicado. Enquanto outros, nesse momento, estão apenas querendo saber o que a fogueira tem a ver com o propósito de alguém...


Pois bem... Apesar de passados 150 anos dessa provocação de Tolstoi, ela permanece atual e totalmente conectada com as distorções feitas a respeito da busca por propósito na contemporaneidade.


Acredito que ter clareza sobre seu propósito de vida é uma aspiração legítima e condição necessária para quem deseja evoluir como ser humano e alcançar a autorrealização. Entretanto, atrelar essa “descoberta” à garantia de sucesso rápido, geralmente financeiro, é a meu ver, no mínimo, uma incoerência inconsequente, que beira à crueldade.


Além disso, por outro lado, buscar de forma ansiosa o seu propósito de vida para atender a desejos egóicos é o mesmo que passar por um bosque e só conseguir enxergar lenha pra sua fogueira.


Deixe-me explicar... Dirigir toda nossa atenção apenas para encontrar aquilo que nos serve ou aquilo que nos será útil para obter algum tipo de vantagem sobre alguém, é uma atitude egoísta que reforça nossa autorreferência, além de nos afastar das pessoas e do nosso verdadeiro propósito de vida, aumentando, consequentemente, a sensação de angústia e frustração.


Acredito que podemos transformar essa frase de Tolstoi em um convite. Um convite para que façamos uma pausa dessa atitude automática, influenciada pelos conteúdos midiáticos e de consumo rápido, tão comuns nos tempos modernos.


Um convite para que entremos no bosque da vida com mais presença, desidentificados dos pensamentos e emoções que nos habitam e que insistem em buscar por autoproteção, pertencimento e autovalorização, para contemplarmos a grandeza da natureza e constatarmos nossa pequenez diante dela.


É um convite para uma mudança de atitude e reposicionamento de olhar; para que então possamos passar pelo bosque da vida e identificar como podemos servi-la. Devemos, portanto, inverter a pergunta e buscar saber, genuinamente, qual a nossa contribuição individual para o desenvolvimento da sociedade a qual pertencemos. Ou seja, qual o sentido da nossa existência?


Propósito, antes de tudo, tem a ver com serviço, entrega, doação e, principalmente, com o compromisso real com algo maior que nós mesmos.


Baseada em experiências pessoais e a partir dos processos de coaching que já conduzi nesses últimos anos, percebi que nosso propósito de vida é revelado a medida que nos dispomos a, corajosamente, encarar e integrar nossas sombras de egoísmo, investindo tempo de qualidade e se dedicando verdadeiramente (de corpo e alma) a processos profundos de autoconhecimento, suportados por ferramentas sólidas e profissionais capacitados.


Inclusive, a meu ver, se algo dentro de você deseja encontrar seu propósito de vida, esse já é um chamado da sua alma para um movimento evolutivo corajoso. Portanto, aceitar esse chamado pode ser o primeiro passo da jornada e sua travessia passa a ser o seu propósito de vida inicial.

A medida que se avança nessa jornada interior, seu propósito vai se moldando ao tamanho do ser humano que você vai se tornando. Inclusive, tornar-se um ser humano melhor, vencendo suas próprias mazelas e sendo exemplo de superação, me parece um propósito de vida muito nobre.


Afinal, os homens mais nobres da história não foram aqueles que obtiveram mais posses ou colecionaram mais inimigos por onde passaram, mas sim, os que corajosamente deixaram um legado, oferecendo ao mundo aquilo que tinham de melhor, de forma generosa e altruísta.


Acredito que a evolução humana passa por esse despertar de consciência. Vamos evoluir juntos?


Encoraje-se e vamos!


Tolstoi foi um escritor russo, autor do romance histórico “Guerra e Paz”, publicado entre 1865 e 1869, no auge das expedições de Napoleão Bonaparte. Esta obra é considerada uma das mais volumosas da história da literatura universal.



Kelly Alvim

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